domingo, maio 06, 2012

VIRADA PASSIONAL




Blim, blom!
Próxima Parada...., estação da Sé!
Levantou-se, quase passa à sua estação. Vinha sentada do lado esquerdo do trem, ao seu lado uma senhora lia um livro de auto-ajuda, " Descanso do corpo, descanso da alma e descanso do espírito ,faz de você uma pessoa forte para enfrentar as dificuldades." Visualizou este parágrafo, e não deu continuidade ao raciocínio. Sua concentração estava toda perdida na paisagem, como fresh visualizados na janela do trem. "Uma Fábrica com um pátio imenso lotada de carros zero quilometro, terrenos báldios, um gato pulando o muro, um bosque com árvores de copas altas, seu olhar percorria fixo os trilhos do outro lado da linha do trem que vinha em sentido contrário". Frases iam surgindo na sua cabeça: -Você é uma inrresponsável! Como é que pode!? Eu juro, eu ainda te mato!
Mato, eu te mato!
Essa última palavra e as paisagens vista da janela, como um martelo martelavam  e lhe dava um pouco de ância.
Saltou do trem, a medida que ia subindo a escada rolante, aqueles pensamento se perpassaram. -Eu amo as tardes de outono, um viozinho nesse frio, esses dias que parecem tão tristes...pensou consigo.
O aglomerado que um dia antes era de carros, pombos e pessoas. Sedeu lugar  a um mar de gente, homens, mulheres, velhos e crianças. Com uma quase totalida de jovens, com seus sorrisos e olhares embebecidos por algum tipo de inibidor comportamental.
- Alô
- Oi, onde você está? eu já cheguei!
- Olá..., na entrada da catedral!
- Beleza, em um minuto estarei aí.
- Nossa! linda, você está linda!
- Brigado.....
- E aí, como é que foi?
- Ele ficou puto! falou um monte, mais eu consegui dobrar a peça...falei que viria com uma amiga.
- Otário!
- Eu não gosto que você fale assim!
- Descupa!
- Nós vamos nos divertir bastante, tem umas bandas de pagodê e samba que queria ver, pena que eu não vi sertanejo na programação....
- Nossa, gosto é gosto!
- Você não vai começar, vai? Só porque você se acha a intectualzinha!?
- Não é isso, é que eu simplesmente não curto...
- Mas a gente já tinha combinado....você vê o que o gosta, eu não opino e vice -versa.
- Certo.
- E você já olhou a programação?
- Eu vi em casa pela net, tem uma banda de jazz e blues gringa, Lou Donaldson. Tem também a banda Golpe de Estado que eu queria muito ver, umas peças de teatro, "Os sete gatinhos" de Nelson Rodrigues," A voz do provocador" de Antônio Abuljamra e....tem mais coisas, só que se eu for enumerar e ver todas, não vai dar para a gente curtir o seu pagodinho.
Ela dá um sorriso falso, só que ele não percebe.
João Roberto e Liz se conheceram na crechê.
Ela casada mãe precosse, formada em química trabalhava em uma empresa de perfume. Ele solteiro, trinta e quatro anos, branco alto, bonito, usava muito perfume e por onde passava ficava o rastro, gostava de ler gibi de super-heróis, era sempre cordeal e educado com as mães quando recebia os filhos delas na portaria da crechê onde trabalhava.
Liz costumava chegar cedo para pegar seu filho, como as crianças só eram liberadas no hórário estabelecido, ela ficava esperando. E numa espera dessas começou a se engraçar com João Roberto.
- Trouxe um vinho.
-Vinho! argggg! é doce?
-Não! ué....toma cerveja! Nossa que demais esse show!? Olha, escuta esse solo de sax....muito bom...
uhuuuuuuuuu!!!!!
Horas se passavam, entre um show, entre um espetáculo...
- Caralho! esse aí é o Ravengar, hahahaha!
- É ele mesmo...é um provocador! Abuljamra, ele fez o papel na novela que "Rei sou eu".
- E ái, gostou da peça?
- Há...muito texto, o cara não para de falar.
- É....mas são textos lindos que nos levam a refletir, é este o intuito de uma peça teatral: provocar, chocar no sentido de mostrar caminhos, caminhos que muitas vezes por falta de uma reflexão se tornam intransponíveis, e é no teatro, nas artes que encontramos a reflexão que falta e que também liberta. 
- Minha gatinha sabichona linda, agora você falou bonito que nem o Ravengar.
Ela ri.
- Eu tenho uma idéia, como já está tarde e estamos mortos de cansaço.
Ele aponta, com um sorrizinho sacana: Motel" Fim de Noite"
- Uma suíte por favor......
Ela está nua no banheiro, fica inerte embaixo do chuveiro, seu corpo molhado...
Ele sentado na cama nú, olha para ela e começa bater uma punheta...
Ela em transe, olha para ele e pensa, - não merecia isso, não merecia isso!
- Eu vou embora, eu vou embora!!!
Seu pau duro começa a jorrar porra, -ahhhhhhhh, ahhhhhhhhh! 
- Filho da puta!
Ela se veste e sai em disparada, João Roberto continua deitado naquela excitação toda, e aos pouco vai caindo na real.
- Liz, Elizabete, Liiiz, caralho!!!!
Paga o motel e sai atrás dela.
- O que houve, você saiu que nem uma louca, por quê?
- Acabou, acabou João Roberto!
- O que eu fiz? eu não entendo, estava tudo tão bem entre a gente!
- Ele não merece....
Ela começa a chorar, da sinal para o táxi e parte.
- Espera Liz, Elizabete! eu te dou uma carona....
João Roberto corre até o estacionamento, sai em dispara na sua moto potente ziguizagueando por entre os carros, alcança o taxi já parado, procura por Liz e vê ela descendo as escadas, perto dela .....grita. -Elizabete!
Ela olha.
Crava no seu peito o punhal dado por ela, a ele de presente, Liz cai rolando pela escada.
As pessoas começam a gritar e sair correndo em despero.
João Roberto senta na escada e num choro convulsivo, olha o sangue vivo que escorre pelos degrais e que pareciam querer levá-lo ao encontro do olhar sem vida dela.


Josh






Nenhum comentário: