In memoriam

O sino que toca

O presságio

O ar que aos pouco me falta

Um coração que já não corre

Apenas caminha...cinco por hora

Hoje...

Completo seis meses de vida

Amanhã farei três anos

Hoje fiz dezenove

Amanhã farei cinquenta e cinco

Hoje cheguei aos sessenta e três
Mas...

Entre...

O início

O meio

E o fim!!!

Tive que...

me transformar em três

Fazer malabares

A hora se anúncia

E ela...

que neste momento solene

Nos torna...

aquilo que vemos

o próprio reflexo...

no espelho

Iguala todos

Rico

Pobre

Bastardo

Feio

Bonito

Cão

Gato

Rato

O feliz

O infeliz

O apaixonado

O odiado

Vai... aos poucos

Tirando a leveza do ser

O ar..................

Já não mais

o sinto

"O Brasil é uma

República Federativa

cheia de árvores

e gente dizendo adeus"

Oswald de Andrade

O vento sopra
As folhas caem
Caminho por aí
Dentro de mim
há um silêncio
artificial


Que por vezes
sofre uma
metamorfose

dia

noite

tristeza
alegria

O que eu quero
Desse lado
estático
É contrariar
Assim somos....
Assim seremos....

Presente

Futuro

As pedras no caminho

e o tempo

Ão ...

de...

nos...

dar...

as respostas

Luz

O que você vai ser...

quando você crescer

Eu vou ser igual ao meu pai

Eu vou ser igual á minha mãe

Todos iguais...

Médico

Carteiro

Desonesto

Honesto

Sincero

Mentiroso

Dentista

Passista

Artista

Contista

Polícia

Poeta da vida

Nem pai

Nem mãe

Nem ninguém

Orfão

Sonhador

Esperança

Rua

Lembrança

Esquina

Perdida

Palhaço

da vida

Também

Posso dar

A volta por cima

Ser

No silêncio da noite
Eu descubro
o contido
Existente no vazio
por onde passeia
minha mente
O ser...
humano
Tem sensibilidade á flor da pele
seu olhar
seu cheiro
seu amor
Caminham pela noite
Somente eu
descubro o contido
E através deles...
me tranformo no vazio
Sensibilidade á flor da pele

outono 1

Ouço seu nome
é como se o vento
carrega-se... pelos quatro cantos
E onde quer que eu esteja
Surge uma brisa repentina...
o coração meio nostálgico
bate descompassado
Lembro das pequenas coisas
de momentos... quase nunca vividos
O teu sorriso...
Talvez o única parte...
conquistada
ganhada
Ou quem sabe eu tenha roubado
guardo na minha memória
a expresão mais viva
do sentimento humano
Sorria!!!
Mas, não deixe que
outro, o robem!!!

Ofício

O sol
hoje não apareceu
Vê este dia chuvoso
Pois é, até natureza
faz acordo
Combinaram entre si
Sol e Chuva
Quando um não aparece
o outro assume
o posto
As pessoas lá...
por vezes não gostam muito
Alguns prefererem o Sol
outros à chuva
Há dias e até semanas
que um ou outro
não aparece
Vivo a imaginar
que gostoso mesmo
é vida de Sol e Chuva

Vê este sol

Vê este céu

O mesmo da minha infância!!!!

Fênix

Abro á janela

vejo

um céu cinza

chuvoso

me acomodo no sofá

Minha mente divaga

penso em tantas coisas

A solução

talvez

seria não pensar em nada

Mas não consigo, acordei...

num dia daqueles...
Onde o clima lá fora

Me carrega

me desperta

Novos horizontes...

Libertè

Pensar....

Eles não sentem

á minha dor

Dentro de mim

há um turbilhão

de vozes

O que elas querem

é se rebelar

se libertar

do aprisionamento

Onde eu as coloquei

num espaço...apertado

medindo três por quatro

...meu coração

outono 2

Quando ouço seu nome
abate sobre mim
um certo ar.... melancólico

Nas manhãs
eu sou o clima
insisto... para que meus dias não continuem nublado
lamento... pois tudo que recebo ... é apatia
ainda assim....?? Eu amo-Tu amás

Qual é a cor do amor

Sonhei....sonhei
Com um país
Chamado utopia

Lá...quase tudo é vermelho
Os corações das pessoas
As pessoas...aliás, o rio de sangue...

Que corre dentro delas
é vermelho
O sol...o sol é amarelo
O céu...quase sempre um azul celeste

Lá...não existe preconceito
As pessoas enchergam além... da sua epiderme
Elas não veram...sangue vermelho quando cortarem seus pulsos
E sim um arco-íris de cores

Café

Dentre todos os meus anseios
Nada é mais sublime
Do que meus vícios
Vício de te querer
Vício de um café amargo
Como os meus dias
que me tocam e no cair da tarde
só tenho á tristeza como companhia
Vício, vício, vício... somente vício de querer viver
Mas ao olhar para o espelho
nada mais me subestima
do que a imagem que vejo
De um vício que por de tanto
querer me viciar
já não é mais vício
Foi se esvaecendo
E o que restou
Apenas eu