Já se passaram muitos janeiros O céu E o medo, não envelhecem com o tempo Nas caravelas, terra a vistaaa! Júlio César é apenas um nome, assim como Judas ao Léu.... Pobres iludidos por almas com cara de cordeiro Este presente, é o passado refletido no espelho
O cogumelo gigante brotou na terra do sol nascente Antes de Cristo, Depois de Cristo A Cruz?não!? a suástica dizimou milhões lentamente Como testemunha um cadáver na lama, eu insisto....
Já é primavera A multidão na praça é massacrada como réu O ditador foge pelo deserto sobre duas corcovas, lento Bandeiras são queimadas e em seus lugares burcas são hasteadas
Julho 3D, balas de festim E o horror é glamurisado com efeitos especiais Os heróis mascarados yankees São o orgulho da América e do mundo
Na vida real Os vilões e o terror parecem ter saídos da grande tela Transformando o dia a dia das pessoas Num grande trailer de terror real, parecidos com o cinema trash Ou será o contrário!?
A ponte Tem dias que parece fria e solitária A ponte que separa a Ilha das ruas de pedras, das casinhas carcomidas pelo tempo e suas igrejas feitas iguais a velhos faróis ao alcance de olhares etílicos e tão enigmáticos A ponte que separa a Ilha do resto do continente
Ficou para trás Ficou para trás
Sentado no banco traseiro do fiat cinza 147, ano 80 O vento com liberdade roça a copa das árvores Acaricia também os seus cabelos revoltos Seus olhos passeiam pelas ruas de areia com a mesma velocidade Do abre e fecha de suas pupilas já desgastadas
Ficou para trás Ficou para trás
New Orleans Chicago dos anos 70 O blues e seus anos de ouro
Na sua voz rouca versos em inglês Babel Ilusões perdidas em português
Mas, ele tem um violão E uma gaita mágica na mão Que traduz O verdadeira espírito Do grande Blues man
Ficou para trás Ficou para trás
Perdido entre montanhas Tão longe de Sampa Por algum momento Ela se sente Na Chicago dos anos 70 New Orleans The Old Blues
Aos treze, ele ouvia no pequeno rádinho de pilha, "Sereníssima", vivia fazendo confusão com o tal cantor da banda. Aqueles mesmos três acordes que compunham e fazia parte de qualquer canção de uma banda de Rock de garagem, foi a sua iniciação. Com o pai pela feira de terça, saia frenéticamente garimpando de banca em banca as fitinhas cassetes. Queen, Ramones, Beatles, Raul, Legião, e Ira. Chegava em casa, apertava o play. O volume no último, da cozinha a mãe gritava: - Abaixa esse rádio! Abaixava só um pouquinho, deitado na cama ele olhava, olhava para o teto e sonhava, sonhava com o dia em que pudesse caminhar e ir além da rua dez. Esse dia chegou. Caminhando sozinho, ao passar sobre o abacateiro, os pingos gelados de chuva caem sobre sua nuca, dobra a esquina e perto de casa os cães ladram incomodados com os miados dos gatos que brigam. Sobe a escada, pela fresta da porta antes de abri-lá vê uma luz. A chave emperra, dá umas batidas com a mão, entra. Deitada no chão nua, o abaju ligado, garrafas de bebidas, o cinzeiro cheio de bitucas e um cigarro pela metade ainda aceso, do quarto a música soava baixinho, bateria, baixo, guitarra alta e numa voz roca e triste. Olha e fica admirando à brancura daquela corpo vivo, seus pelos púbis, seus seios pequenos, e toda à sua pseudo inocência que emanava do seu lindo rosto iluminado pelo bico de luz. Tenta acordá-la, é inútil. Sente receio em tocar nela, assim.... . É como sentir o amor nos braços pela primeira vez, foi o que ele sentiu e o fez. Colocou sobre a cama e à cobriu. Um quarto e cozinha americana, ele dormia na sala, o quarto era pequeno cabia uma cama de solteiro e algumas tralhas, dividiam as despesas que era uma das condições imposta por ela. Era pertinho do centro e da janela se avistava a igreja da Consolação, foi o mais longe de casa que conseguiu chegar. O seu desejo era ir muito mais além, atravessar o atlântico, assim como Elvis e assim como o Rock décadas após décadas. É começo de inverno, o relógio desperta, perdeu a hora para o trabalho, são quatorze e vinte e cinco da tarde de uma sexta-feira 13. Levanta e vai até quarto dela, janela aberta, a cama vazia, sobre o banco apenas um bilhete: "Nem te vi chegar, estou indo acampar com umas amigas numa Ilha onde vai rolar um festival de Blues, é uma pena que você tenha que trabalhar, pois você iria adorar. Bjs" Amassa o bilhete, e aos bocejos coloca na vitrola um vinil do Bruce Springsteen. Os raios de sol assim como ele parecem cançados, e timidamente invadem a penumbra e com a música enchem de nostalgia ainda mais aquele lugar carente de amor e vida.
Hospitais, as UBS e as tais AMAS... Estão mais enfermos 'as' que os próprios doentes E agora, mais essa!? Doctor, doctor,doctor.... Os residentes estão sem residência, do Aiapoc ao Chuí tudo aos frangalhos... Dois % e alguma coisa do PIB, é pouco, dizem que seis resolveria "o pobrema"
Nos corredores gélidos Com suas paredes brancas pálidas Os filhos da PÁTRIA "Antes não tinha, agora tem!" Mais dinheiro.... Para o bolso do Polvo com seus tentáculos, PL, PSDB, DEM, PT, PMDB, PTB............et cétera Em trabalho de parto no Libanês Foi cesárea, e eis o filho bastardo: PARTIDO SOCIALISTA DEMOCRÁTICO A,B,C,D,E,F,G,.......L, M....Maluf !!!???...é quase o alfabeto inteiro de articulações Vem aí, mais um ano de eleições
E viva a DEMOCRACIA! "Antes não tinha, agora tem!"
Doses diárias: cafeína, álcool, outras cositas..., música, tristeza, alegria e muita literatura, que é o meu antídoto contra a cegueira do dia a dia.
Sai dessa lama jacaré!!!