terça-feira, março 29, 2011

Saudade

Olhando as luzes do ponto mais alto dos edifícios
Numa noite fria na praça Roosevelt
Entre um bar e outro
No cine Belas artes ou numa peça no parlapa
Gran-finale
Eis sua vontade
Esmurrar a cara do mundo
Bela
Eu te encontrei
No submundo da rua
Da letra cantada por Tom zé
Da amurada seu olhar fica distante
Vê uma lua sem brilho ofuscada pelas nuvens sombrias
Não senti o silêncio 
Ele não dorme num céu de asfalto
Mas, logo se distrai com Flaubert na estante
Ela fica assim
Escondida por entre os dias, por entre os anos
Ou, que nem poeira por entre os cantos
Vem de mansinho
Parece que trazida pelo ar que sopra nos dias triste e vazios
Deixo ela entrar
Por essa noite pode ficar
Tenho um pouco de run
E os vinil do Raul pra embalar

Josh




domingo, março 20, 2011

Ana Beatriz e.......

-Seu filho da puta!
-Olha como você fala comigo, sua vadia!
-Vadia? vadia é a sua mãe!
-o quê?
-É isso mesmo, tá surdo?
-Sua louca, vem aqui!
Ela saiu bateu a porta e só voltou no outro dia da casa da mamãe, esquecendo completamente do furacão
Katrina do dia anterior.
É....
Eu acho que eu peguei pesado, chamando ela de vadia e louca, louca até que ela se enquadra. Mas ela também foi foda....chamar a minha mãe de puta e vadia, aí não dá!
Conheceu a Ana Beatriz no baixo Algusta em um bilha, um boteco daqueles que lota de almas "lost" depois das cinco.
Era um sábado que já havia se tornado domingo, fora do bar um sobe e desce de pessoas que eram acompanhadas pela garoa que caia.
Ela estava com quatro amigas, ele pensava com seus botões: o que quatro mulheres de rostos angelicais faziam a cinco e pouco da manhã num purgueiro como aquele...
Elas não eram o que vocês estão imaginando...ele a primeira vista desconfiava, mais não, isso não...!
Com uma beleza descomunal, ao mesmo tempo que ele olhava para uma seu olhar se desviava de encontro
a ouitra.
Ele achava que ela fosse a chefe da "gangue", com um olhar superior e algo que ia além do que as outras transmitiam.
Cansou de só observar e resolveu cair naquele abismo, foi até uma "junk box" e no meio de tantas "pérolas"
achou algo que não se comparava em nada à áquela lista musical dedicada a solitários etilícos.
O que ele havia achado na junkizinha surrada pelo tempo, um hino dedicado a outros tipos de solitários. "solitário etilícos sobrios", esses sim: vádios, beberrões, româtincos "os românticos tem sempre que se foder", politizados, odiados e que por vezes vêem o sol nascer da sargeta.
Inocentes!!!! essa era a banda.
"Só eu e a noite fria
Que me leva pra qualquer lugar
Não sei o que procuro
Nem sei se vou encontrar
O vento me diz coisas
Que nem sempre consigo entender


De bar em bar
O gosto amargo do trago
Eu rodo, rodo, rodo...
E estou sempre no mesmo lugar"

Voltou para mesa.
-Foi você que colocou Inocentes
-Foi
-Que jogar com a gente
-Sim
Camila! você disse que tinha cansado, já arrumei um parceiro!
Começaram a jogar ele sempre foi meio ruinzão na cinuca, tanto que de três partidas ganharam só uma.
Pararam de jogar e sentaram os cinco na mesma mesa, ele perto dela, Camila, Morgana e Júlia ao redor.
A conversa se prolonga e elas contam que estavam fazendo uma despedida de solteiro para a Júlia e que depois da balada resolveram estender até ali...
E como uma despedida só é despedida se...
Dizia-me a Camila sem completar a oração deixando que eu imaginasse....as três começaram a rir, ela olhava para ele séria.
-Você fuma
-Fumo
Sairam os dois para fumar, acendeu o cigarro dela e a garoa continuava firme.
Fitou aqueles olhos castanhos que em contraste com noite se tonavam escuros, foi se aproximando e cada vez mais perto, abraçou-a e ela retribuiu só que bem mais forte. Foi tomado por um impulso....
Ali ficaram alguns minutos se contemplando, beijos, abraços invasivos e abusivos para os olhares alheios.
-Vamos sair daqui!?
-E suas amigas?
-Eu falo com elas
Sentido paulista pararam no primeiro prédio com fachada de luz neon.
Com as luzes acesa fez questão de comtemplar toda aquela beleza nua, ela vindo em sua direção e em uma de suas mãos um copo com "tennessee", despejando sobre ele começou a roçar com a lingua em movimentos leves, dedos, olhos, boca até chegar ao ponto cuminante.
Ali os dois numa frenezi sentiram o real sexo com amor.
Assim foi o primeiro encontro dos dois, depois desse encontro um dia talvez dois foi o muito que ficaram longe um do outro.
Cada vez mais rotineiro os seus encontros, regado a álcool, rock-rool, sexo, muito sexo. Eles eram bem etilícos e bem parecidos.
Ele "Gostava do Bandeira e do bahaus
De Van Gogh, dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud"
Ele "Gostava denovela e jogava futebol de botão com seu avô"
Os meses os dias da semana passaram....Como aquela canção " Mas tudo passa / tudo paaassa...."
Decidiram juntar os panos de bunda e como o vício que vicia e tem suas consequências. Vieram as brigas, ciúmes, verdades, mentiras, chingamentos onde os pais eram o alvo predileto.
Pedro, ele se chamava Pedro.
E hoje depois do fim....ele se pergunta onde...., e sente falta.... "sexo com amor".

Josh

quinta-feira, março 17, 2011

Lugar nenhum







Corro para esse lugar
Aqui onde o vento sopra
E é tão forte
Quanto o vento que roça o bananal
E os rostos inquietos  que descem a serra do cafezal

Corro para esse lugar
De encontros
Do velho Ribeira com a imensidão do mar
De desencontros
Dos olhos castanhos
Na rua de pedras
Numa quarta de cinzas
Não mais vai voltar


Corro para esse lugar
1990
Contra sua própria vontade
Trouxe consigo
Eros
E nas tardes de domingo
Um imenso vazio
Vem de mansinho
Se aproveitar


Corro para esse lugar
Aqui onde laços de sangue
Para sempre vão morar
E num céu sem estrelas
Fogos de artifício
Anunciam o novo ano
Uma certa nostalgia paira no ar


Numa sexta de chuva
Numa noite sem lua
Já se passam das vinte duas
Corro para esse lugar
                                          
Josh