quinta-feira, junho 26, 2008

Sol


Fazia treze graus naquele começo de noite. Solitário e a passos lentos, avistou ela na esquina: decote à mostra, o seu pircing no umbigo reluzia mais que os fleches opacos das luzes, um corpo escultural, pernas bem torneadas, aquele bumbum quase todo à mostra, um rosto lindo e um olhar que emanava uma certa tristeza.
Os carros que passavam, dentro os trausentes, uns businavam, outros paravam para negóciar.
Ele parou ao seu lado e foi direto ao assunto:
-Quanto é o trabalho?
Ela respondeu num tom de deboche.
-Pra você.... trezentos!
Ele riu e perguntou:
-E se eu estivesse de carro, você daria um desconto?
-Depende do carro!
Ele riu novamente e ela aceitando, deu sinal para o táxi. Entraran no veículo e no trajeto até o motel não derão sequer uma palavra.
Chegaram e ela foi logo tirando à roupa, ele parou ficou observando e ela perguntou:
-E aí, vai ficar parado!?
Ele respondeu.
-Por favor, veste a roupa!
Ela brava indagou:
-Você esqueceu que o tempo está correndo, são trezentos reais a hora e já se passaram vinte minutos.
-Não tem portância!
-Quanto você fatura por noite?
-Mil reais.
Ele tirou um maço de notas do bolso e disse:
-Aqui tem mil e duzentos reais, você estaria livre pra mim essa noite?
Ela não acredita no que vê e fica sem palavras.
E ele responde:
-O teu silêncio parece um sim!
-Vou pedir algo para nós comer, a próposito eu não me apresentei:
-Me chamo Sol e você?
-Ana.
-Você tem os olhos lindos Ana, combina bem com as noites frias de São paulo.
-Obrigado.
E ela pergunta:
Mas porquê Sol?
-Só pra você, eu vou me chamar Sol essa noite.
Bateram na porta, o jantar que Sol havia pedido estava posto. Conversaram muito, Ana aos poucos ia acreditando estar em um conto de fadas, pois tamanho era o cavalherismo de Sol e ela sentia como se fosse algo puro e verdadeiro. Até a tristeza de outrora que Ana explessava, não era a mesma naquele olhos negros de agora.
Começaram a se tocar, boca, lábio, língua, saliva, corpo a corpo numa dança xamanica, orgasmos multiplos e um divisor comum, o amor.
Adormeceram nús, agarrados como se um fosse a metade do outro e naquele momento o sexo os uniu proporcionando cada qual uma busca interior.
Tudo passa!
Ana acordou, a janela estava aberta e o sol invadia todo interior do quarto. Olhou para o lado e ele não estava, apenas um bilhete que dizia:

" O sol nasce pra todos, só não sabe quem não quer"



Josh

sexta-feira, junho 13, 2008

Eu gosto de um rabo de saia



O sangue que escorria parecia que tinha vida. Aquele vermelho ofuscante se misturando com paisagem mórbida da sargeta, latidos que vinham de todos os lados e aos fundos o som dos carros que ziguizagueavam numa grande avenida.
Estava ali inerte, tudo que sentia as batidas enfurecidas de um pulsar que insistia em lutar contra aquele destino. A sua mente borbulhava como um caldeirão em chamas, havia esquecido os momentos passados, apenas fleches de pensamentos, pois quando abria os olhos eles se perdiam na noite fria.
Juan cresceu em meio a pobreza na periferia. Os seus pais pessoas humildes não puderam lhe dar o conforto padrão que à minoria letrada ostentava e muito menos o básico: alimentação, escola, saúde, educação e respeito. Ele cresceu e com a fome aprendeu agarrar os gols da vida.
Para sobreviver fazia pequenos furtos, que não rendia o esperado. A bebida, as drogas pesadas e tudo o que era de mais podre o atraia.
Foi quando conheceu Darlene, alta, olhos escuros, seios fartos e aquela bunda. Uma bunda, nossa que bunda!!!! e um que de malícia.
Juan comia com os olhos aquela bunda, mas ele já sabia, se desse uma passo em falso, Tanatos Ficaria feliz. Darlene era à namoradinha do dono do pedaço, Dionísio um cara mal, à maldade em pessoa. Ele se quer desconfiava, Darlene quase não saia do bar do Paraíba, onde Juan vivia com seus tragos.
- Paraíba, mais uma dose!
Juan começou a beber cedo naquele dia, Darlene acabará de chegar. Ele percebera que há alguns dias ela-o observava, o que não foi diferente nesse dia.
-Oi, comprimentou Darlene.
- Você tá sempre aqui, é Sócio?
Juan riu - Bem que eu gostaria, pelo visto você que parece ser!
- Pode se dizer que sim - Qual é o seu nome?
-Juan.
-Nossa, que diferente!
- E o seu?
-Darlene.
-Bonito!
-Eu não acho!
-Você toma alguma coisa?
-Cerveja.
Darlene olhava bem nos olhos de Juan e ele ficava sem graça. A bebida nele começava a fazer o caminho da vitória, deixando-o mais solto.
Às horas pareciam estar à bordo de um trem bala, pois sol já ia longe. Foi quando Darlene indagou:
- Vamos sair daqui!?
Saíram os dois a passos largos, alguns conhecidos observavam. Juan não se dava conta da armadilha que um rabo de saia às vezes pode causar.
Pegaram um táxi e ao covil do amor foram se esbaldar.
Sexo, muito sexo!
Ela de quatro, aquela bunda todinha na sua frente. Colocou com carinho.....ela gemia e dizia:
- Bota tudo, com força!!!! mais, mais....mais, uhhhh Juanito!!!!!
Fuderam muito....
Já era noite. Darlene começou a ficar um pouco distante.
- Você está preocupada!?
-É que já é um pouco tarde, preciso ir!
Ele deixou ela, a uma quadra da sua casa, se despediram.
Juan pensou em voltar para o bar, comemorar tomando o último trago. Mas resolveu ir pra casa.
Dezessete horas e trinta e cinco minutos da tarde do dia seginte e lá estava ele, no mesmo bar a espera do seu flerte, mas ela não apareceu. No outro dia a mesma coisa, esperava e ficava horas e horas e nada, nenhum sinal de Darlene.
Uma certa preocupação se instalará em Juan, na mesa ao lado ouviu um boato:
-Nossa!!! como é que pode alguém fazer uma coisa dessa!?
Darlene havia cido encontrada, morta, nua, com rosto desfigurado e várias perfurações.
Juan saiu desembestado do bar, ódio e vingança era tudo que sentia naquele instante.
Não teve tempo de continuar sentindo, nem ao menos de virar à esquina.......

Josh











quinta-feira, junho 05, 2008

Aqui, ali, em qualquer lugar

Nas esquinas
Das ruas
E das avenidas
É mais fácil de se encontrar
Duas mãos
Uma que vem
Uma que vai
Mas,
Na contramão sempre haverá de estar
Contra maré há de navegar
O que dizer de Brasília
Capital da República Federativa do Brasil
Pois lá
Não há esses encontros de esquinas
Há pois, encontros de mãos
Uma que vem
E outra que vai
Pra onde
Não importa
Pode está aqui, ali, em qualquer lugar
Aqui
Perto

Ali
Longe

Aqui
Dentro

Ali
Fora


Josh




quarta-feira, junho 04, 2008

R$ 1,00 REAL

-Quanto custa?
-Dez reais.
Procurou nos bolsos e tudo que tinha, nove reais e vinte cinco centavos.
-O senhor faz por nove?
- Me desculpe, mas não posso!
-Porquê?
- São ordens do chefe.
-Ele está aí?
-Quem?
- O seu chefe.
- Não!
- A gente podia negociar.
- Não há o que negociar, são dez reais e não se fala mais nisso!!!
- Tudo bem, já que é assim!
Saiu.... deu uma volta sobre o quarteirão, meio indiguinado, ficou imaginando:
- Filho da puta! otário do sistema, se fosse uma gostosa ele dava de graça, miguelando um real de desconto. Ele que me aguarde!!!
No dia seguinte voltou, só que dessa vez portava algo que lhe dava um certo estatu. Indiguinado ainda guardava raiva da humilhação que achava ter passado.
- Pois não?

- Passa a grana!
- É um assalto seu otário!!!
- O quê?
-Tá surdo, filho da puta?!
- Desculpa senhor, há!! agora é senhor?
Deu-lhe uma coronhada na cabeça e o sangue começou a jorrar, o desespero do atendente era tamanho que não aguentou e começou a mijar nas calças.
O indiguinado começou a rir e em seguida perguntou:
-Tu não tem vergonha seu merda, de molha a calça de medo!?
Ein???
Responde!!!
Tá com medinnho né!?
Cadê o dinheiro?
- É tudo que tem!
- Cê tá de gozação com a minha cara!?
- É verdade, é verdade!!!!

-Isso é pra você aprender!
- Não, não pelo amor de Deus!!!!

- Eu tenho mulher e três filhos...
Junto com o estampido de três tiros à queima roupa, foram suas últimas palavras.


Josh